2009/12/27

blake no jardim do amor

«Canções de Inocência e de Experiência» teve edição recente pela Assírio & Alvim. As ideias defendidas pelo artista britânico William Blake (1757-1827) no livro «Songs of Inoccence and Experience», de 1789, foram extraordinariamente arrojadas para o seu tempo e mantêm-se ainda hoje vivas e válidas, apesar da civilização ter progredido mais 200 anos. "Mostrando os Dois Estados Contrários da Alma Humana", este belo livro de poesia e gravura de Blake é uma das edições mais bonitas e mais interessantes do ano que se aproxima do fim. Da tradução de Jorge Vaz de Carvalho, transcrevo o poema que originalmente se intitulou «The Garden of Love» e que é uma defesa da naturalidade da sexualidade, contrariada pela posição repressiva da Igreja:

Eu fui ao Jardim do Amor,
E vi o que nunca avistara:
Capela foi posta no meio,
Lá no verde onde eu brincara.

E os portões da Capela fechados,
E Não hás de. escrito sobre a porta;
Pois voltei ao Jardim do Amor,
Que tanta doce flor comporta;

E vi-o repleto de campas,
E lápides em vez de flores;
E Padres de preto, em rondas por perto,
E sarça a prender, meu gozo & querer.

2 comentários:

Javier disse...

Gracias por el descubrimiento !!!

Luís disse...

É um grande livro e este poema está cheio de força, mesmo nos dias de hoje. Abraço,