No passado dia 13 de Abril cumpriu-se o centenário do nascimento de Samuel Beckett. Não estou já certo de quando foi que primeiro entrei em contacto com a sua obra, mas deve ter tido alguma coisa que ver com a designação 'teatro do absurdo', com que também se rotulava a dramaturgia de Ionesco. Para mim, na altura, Beckett era um passo em frente depois do Surrealismo. Hoje estou certo que foram quatro ou cinco, dez ou até onze passos em frente. Faço a distinção entre escritores muito muito bons e génios (sendo que dos primeiros há bastante mais do que dos segundos, muito raros), e Beckett — seguramente ninguém lhe regateará a condição — é um génio. Uma obra de Beckett, seja ela dramática ou novelística, é sempre uma perfeita simbiose entre forma e conteúdo, e, ao contrário do que é costume (com os escritores que apenas são muito muito bons), é profundamente original em qualquer desses dois planos — e já nem vale a pena acrescentar-lhe a universalidade que, diga-se em todo o caso, também lá está. Falar de Beckett em português (agradeço-lho profundamente), passa necessariamente por falar de Miguel Esteves Cardoso, divulgador generoso e incansável da obra de Beckett em Portugal e seu tradutor privilegiado: não esqueço a separata estreita d'O Independente contendo «Stirrings Still»; as produções com Graça Lobo na RTP ou a tradução para a Gradiva de «Worstward Ho» (Pioravante Marche). Felizmente para todos, depois de prolongada ausência, a obra de Beckett tem vindo a ser traduzida e editada em Portugal. Mais recentemente saiu o «Novelas e Textos Para Nada» na Assírio & Alvim, e a mim parece-me que ler Beckett, no ano do seu centenário, é uma maneira tão boa como qualquer outra de o celebrar.
2006/04/29
beckett com atraso
No passado dia 13 de Abril cumpriu-se o centenário do nascimento de Samuel Beckett. Não estou já certo de quando foi que primeiro entrei em contacto com a sua obra, mas deve ter tido alguma coisa que ver com a designação 'teatro do absurdo', com que também se rotulava a dramaturgia de Ionesco. Para mim, na altura, Beckett era um passo em frente depois do Surrealismo. Hoje estou certo que foram quatro ou cinco, dez ou até onze passos em frente. Faço a distinção entre escritores muito muito bons e génios (sendo que dos primeiros há bastante mais do que dos segundos, muito raros), e Beckett — seguramente ninguém lhe regateará a condição — é um génio. Uma obra de Beckett, seja ela dramática ou novelística, é sempre uma perfeita simbiose entre forma e conteúdo, e, ao contrário do que é costume (com os escritores que apenas são muito muito bons), é profundamente original em qualquer desses dois planos — e já nem vale a pena acrescentar-lhe a universalidade que, diga-se em todo o caso, também lá está. Falar de Beckett em português (agradeço-lho profundamente), passa necessariamente por falar de Miguel Esteves Cardoso, divulgador generoso e incansável da obra de Beckett em Portugal e seu tradutor privilegiado: não esqueço a separata estreita d'O Independente contendo «Stirrings Still»; as produções com Graça Lobo na RTP ou a tradução para a Gradiva de «Worstward Ho» (Pioravante Marche). Felizmente para todos, depois de prolongada ausência, a obra de Beckett tem vindo a ser traduzida e editada em Portugal. Mais recentemente saiu o «Novelas e Textos Para Nada» na Assírio & Alvim, e a mim parece-me que ler Beckett, no ano do seu centenário, é uma maneira tão boa como qualquer outra de o celebrar.
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