2006/04/27

de abril a março

Um amigo de um amigo disse uma vez: "começo a usá-las no início da Primavera e não quero outra coisa até ao Outono". Ele falava das havaianas, as famosas sandálias de praia que, mais ou menos de repente, toda a gente passou a usar em todo o lado. Do país do sol nascente para as favelas e destas para o resto do mundo, os flip-flops (onomatopeia com que a língua inglesa os identifica), como os jeans, são um verdadeiro elemento de democratização e esbatimento das diferenças sociais — toda a gente os usa, sem distinção de classes ou credos. E porque não haveria de ser assim? pode-se fazer tudo com um par de havaianas... excepto, talvez, correr bem. Em «The Feel Of Rubber Between Your Toes» (a sensação da borracha entre os dedos dos pés), Edward Tanner faz a história dos zori (como lhes chamam no Japão), salientando as inúmeras vantagens deste género de calçado: ortopédicas (embora o debate continue aberto); higiénicas; políticas (pela democratização do uso entre classes e géneros); económicas e estéticas (estas últimas só quando o juízo prevalece, porque o cuidado com os pés é regra sine qua non). Não vou esconder que me motiva uma atracção particular pelo pé masculino (preenchidos os devidos requisitos, bem entendido), e que esta época do ano me tem de olhos postos no chão, mas, em última análise, o triunfo das havaianas faz-se pelo conforto e pela simplicidade quase zen. E nós lá em casa, pela parte que nos toca, como o amigo do nosso amigo, usamo-las a toda a hora, meses fora, para só as tirar quando o frio a isso nos obriga. E este ano até as há com a bandeirinha de Portugal, para os mais reticentes.

Sem comentários: