Perdoem-me o trocadilho, certamente haverá quem não ache graça, mas ele veio-me às teclas e não resisti. Já há anos atrás, quando imaginei um movimento portuense de intervenção e defesa dos direitos dos homossexuais, decidi que O Desterrado daria um bom emblema. A torre dos Clérigos foi outra hipótese, mas essa sim resultava um bocado brejeira. Mesmo sem ser emblema de nada, mesmo só como ex-libris arquitectónico do Porto, a coisa é bastante fálica, imagine-se se fosse símbolo de movimento gay! (ainda assim cheguei a fazer o esboço de um cartaz em que uma boca masculina convivia no mesmo rectângulo com a dita — não é preciso fazer um desenho pois não?). Já o Desterrado é mesmo bonito. E é homem e está nu. E é do Porto (do escultor Soares dos Reis, caso não tenham percebido o trocadilho). E é 'desterrado', que para intervenção política é o que mais importa. O emblema do desterrado, quando o imaginei, era cor-de-rosa, como a crença popular acha que é a sensibilidade gay e como o eram, de facto, os triângulos de pano que eram cozidos nos uniformes dos homossexuais que eram mandados para os campos de concentração na Alemanha da segunda guerra mundial. Aqui no Porto e no resto de Portugal, mais avanço menos recuo, continuamos desterrados. E continua a faltar-nos, à maior parte de nós, a coragem para enfrentar de cara levantada a sociedade que nos desterra. Eu não vou poder marcar presença na primeira Marcha do Orgulho do Porto, mas é com uma certa vergonha que confesso que, mesmo podendo, talvez não o fizesse. Fica o meu agradecimento e o elogio a todos os que lá estarão. E à noite, no Sá da Bandeira, encontramo-nos.[Informações sobre o Orgulho Porto no link contido no título deste post.]
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