2006/07/21

vidas em arco-íris

Em matéria de guias (homo) sexuais o «A to Z of Gay Sex» de Terry Sanderson (The Other Way Press, London, 1994), o «Kamasutra Gay: um Guia Para Heterossexuais, Curiosos & Simpatizantes» de Flávio Furtado (Garrido Editores, Alpiarça, 2002) e o «Håndbok i Homsing» de Børge Skråmestø (Gyldendal Fakta, Oslo, 2004) eram até há bem pouco tempo, ora por uma ora por outra razão, os nossos livros de referência e de consulta. Também não vai muito tempo que descobrimos na Larousse um muito interessante «Dictionaire Des Cultures Gays Et Lesbiennes» de Didier Eribon, mas que entretanto foi retirado do catálogo da editora francesa, sem que esta tenha para já qualquer plano de reedição.
Por um relativo acaso — fruto de uma amizade recente e especial — veio parar-nos às mãos, mais recentemente, uma nova obra que se deverá juntar às já referidas: «Vidas em Arco-Íris: Depoimentos Sobre a Homossexualidade», de Edith Modesto (Record, Rio de Janeiro, 2006). Professora universitária, mãe de um homossexual e também ela activista, Edith levou a cabo um minucioso estudo das homossexualidades masculinas e femininas através de dezenas de entrevistas com homens e mulheres de diferentes idades, geografias, escolaridades, ocupações, raças e posicionamentos perante a vida. As entrevistas foram publicadas tal como se recolheram e aqui se exemplifica (da página 159):

[Você fez uma diferença entre homossexual e gay. Poderia explicar melhor?]
André — "Acho que homossexual é um termo técnico pra tua orientação sexual, pra como você experimenta o teu desejo... Você vive... Você realiza na verdade o teu desejo... Eu sempre costumo usar essa diferenciação... Acho que gay é mais um estilo de vida do que uma orientação sexual, então acho que tem muito homossexual que vive uma vida que não é gay necessariamente..."

Este livro é um álbum de retratos feitos de palavras, é diverso e isento, evita julgar, procura diversificar, atrai e fascina, revela e surpreende. Foi a minha leitura de férias e recomendo sem reservas o seu lançamento em Portugal, às editoras, às distribuidoras, às livrarias. Sugiro o que parece óbvio: editem-no, distribuam-no ou simplesmente importem-no... É que este livro merece grande visibilidade entre nós! Fica ainda uma referência excepcional entre nós na comercialização de obras de temática gay: em Lisboa, a livraria A Esquina Cor de Rosa (há um link no título). Visitem-na e descubram os muitos tesouros editoriais e a excepcional simpatia que lá irão encontrar.

2 comentários:

lucy disse...

meus queridos, fico feliz que tenham gostado do livro. também achei-o muito interessante. esse mês teremos a parada gay aqui no rio, acho que o livro estará à venda lá também. sabem do que eu mais gosto? das narrativas sobre a infância e a "descoberta" da homossexualidade. achei emocionante.

beijos

Anónimo disse...

Há uma nova entrada, a propósito de... **