2008/07/30

saída do armário

Finalmente apareceu nas bancas uma revista portuguesa mainstream dirigida a um público glbt. Eu digo "finalmente" porque, pela minha parte, era algo há muito aguardado. Não é só pela informação que a revista em si possa fazer chegar à comunidade a que se destina, mas pelo simples facto de existir e estar presente nas bancas. Pode haver as mais diversas opiniões sobre este tipo de publicações, pode-se criticar a sua vertente de incentivo ao consumo e a exploração que faz de um determinado tipo ou imagem do indivíduo homossexual, mas certo é que esse tipo de lógica aplica-se também a quase todo o universo de revistas presentes no mercado: das revistas de moda às revistas de música, passando pela culinária, as viagens e um sem número de outras variantes temáticas e respectivos públicos-alvo. Por isso, o primeiro feito da Com'Out é existir, contribuindo para normalizar a percepção que a sociedade tem dos temas glbt e dos homens e mulheres homossexuais. A revista inclui artigos de discussão sobre os gay pride; reportagem sobre a marcha de Lisboa; dossier sobre o estado do casamento civil entre pessoas do mesmo sexo nos vários países da Europa; entrevista com o Guilherme de Melo e a Solange F.; guia de viagem à Croácia, e muitos outros artigos, colunas, destaques e propostas. Entre os colaboradores deste primeiro número estão o Miguel Vale de Almeida e o Paulo Côrte-Real. Não identifico os outros nomes ou a equipa que faz a revista, sei que estão de parabéns por terem levado avante este projecto, e que desejo sinceramente que vá sempre evoluindo e melhorando, e que permaneça por muitos anos. Para isso são necessários leitores. A maior parte de nós, acho, compra e lê com mais ou menos regularidade as congéneres estrangeiras Zero, Têtu, Gay Times ou Advocate — citando um artista plástico que há uns anos atrás assim brincava com os estereótipos: o good gay guy é, agora, aquele que compra e lê a Com'Out.

12 comentários:

Special K disse...

Realmente já era tempo de haver uma revista assim em portugal. AGostei do número 1 vamos lá ver os outros.
Um abraço.

João Roque disse...

Muito bom texto acerca desta nova revista.
Pessoalmente gostei bastante das entrevistas a Solange e ao Guilherme de Melo, do consultório, com respostas muito completas, e claro da reportagem sobre a Croácia, pois revi-me nalgumas daquelas fotos, com o meu Déjanito.
Abraços.

Gonçalo disse...

Obrigado pelos comentários, rapazes. Espero que a revista sobreviva e não só mantenha como melhore a qualidade. Abraços.

paulo disse...

há mais de 10 anos, estive num projecto da ilga que devia ter posto cá para fora uma publicação deste tipo... o projecto caiu no esgoto e foi nessa altura também que perdi os meus sonhos militantes. passado tanto tempo, é com uma grande alegria que recebo esta nova publicação. eu gostei. é verdade que à excepção do casal que referes e da Sara Martinho e que colaboram na revista, também não conheço mais ninguém, mas isso não é impedimento que a revista cresça.
abraços para os dois e bom fim-de-semana!

Gonçalo disse...

Paulo, para além do projecto falhado de que falas, imagino que tenha havido uma série de outras tentativas e intenções frustradas, nem que fossem só na cabeça das pessoas. E depois houve aquele tipo de revistas, como a "Korpus", que, por muito boas intenções que tivessem os seus mentores, acabavam por ser contraproducentes (acho que nunca comprámos nenhum número). Quanto à equipa, quando disse que só conhecia um par de nomes na Com'Out, não foi com a intenção de pôr em causa a competência dos outros que não conheço, aliás acho que têm, logo à partida, o grande mérito de terem posto a revista nas bancas. Imagino que tu próprio gostarias de escrever para ela, não? Abraços.

paulo disse...

sim, deve ter havido muitas ideias e algumas tentativas, mas agora é que foi, já não era sem tempo... olha, também nunca comprei nenhuma Korpus, acho que não conta :)), nunca me atraiu, mas acho que o Zé tem alguns números (como vês a minha curiosidade por essa publicação também nunca foi muito grande). quanto aos nomes, tens toda a razão! no fundo, o que quis dizer foi que era espectável, talvez, que aparecessem mais colaboradores com nomes sonantes (não, não estou a referir-me ao Carlos Castro nem ao seu grande mérito na matéria...). eu, colaborar? para dizer/fazer o quê? nã, eles que façam um bom trabalho e isso basta-nos!
abraços e bom domingo, meninos!

Anónimo disse...

Ainda não deitei mãos à revista, mas subscrevo o que dizes: o primeiro feito da revista é existir, pelo menos com a promessa de qualidade que parece anunciar.
Quanto a colaboradores com nomes sonantes, deve ser difícil pela mesma razão que torna difícil um projecto destes ir para a frente em Portugal:visibilidade.
Mas a qualidade tb é um conceito mais vasto...

Anónimo disse...

http://conversas_privadas.blogs.sapo.pt/
Passa por lá e diz o que achaste....

Graça Martins disse...

Olá meninos
A revista é interessante, tudo dá muito trabalho até ser editado. Espero que não termine no número 3 ou mais ou menos.O atraso de 30 anos neste país que se diz europeu, ainda se nota demasiado.
Claro que é sempre de louvar os actos de coragem.
Aproveito para comunicar o aparecimento do meu blog "eu ela e a escrita". Também nasceu agora.
Beijinhos

Luís disse...

Rui: Deita as mãos à revista, não só porque é importante que o projecto sobreviva mas também porque vale a pena.

CP: O teu lado B está muito a atirar para o M (de Madonna) e como é o Gonçalo que cá em casa lidera essa preferência, não poderei deixar de lhe comunicar tal facto. Achas que achei bem?...

Sleeping (Graça): Tinha dado conta há momento do teu blogue, onde espreitei de passagem e voltarei já de seguida: parabéns! Quanto à revista, num país onde não havia no activo nenhuma decente, esta é um bom incentivo... Espero que passe do número 30 (trinta) sem perder qualidade e que vá ainda mais além. Bjinhos,

paulo disse...

ena, ena, até já vêm citados na dita e tudo! vá, babem-se :)

Gonçalo disse...

Pois é, Paulo, são os nossos 15 minutos de fama :-)