2009/04/05

j.c.

Há muito que tinha já reservado para mim este poema que Mário de Sá-Carneiro deu ao mundo com o título de «Fim», em Paris, no distante ano de 1916. Mas hoje achei que o que aconteceu ontem e soube há poucos minutos justificava dedicá-lo a um amigo especial, desses que nos trazem à memória a alegria culta e inteligente a que nos habituou numa amizade de menos de um ano. Acreditamos que o João Catatau gostaria de nos ouvir a declamar por ele estas palavras, que lhe dedicamos:

Quando eu morrer batam em latas,
Rompam aos berros e aos pinotes
Façam estalar no ar chicotes,
Chamem palhaços e acrobatas.

Que o meu caixão vá sobre um burro
Ajaezado à andaluza:
A um morto nada se recusa,
E eu quero por força ir de burro...

Estejas onde estiveres, obrigado! E continua a fazer-nos felizes.

5 comentários:

João Roque disse...

Obrigado Luís por este post tão lindo; foi com muita tristeza que te dei esta notícia e a memória do João Manuel vai permanecer entre nós a perpetuar a "alegria culta e inteligente" que era seu apanágio.
Abraço grande, grande, para ti e para o Gonçalo.

Anónimo disse...

Nice Posting
Gay Events 2009

Luís disse...

Obrigado, Pinguim!

Tx Smadraji for the words!

paulo disse...

não, não me esqueci de comentar, nem de vir aqui ao vosso espaço, simplesmente, o tempo e as emoções estrangulam-me a vontade. de qualquer modo, esta entrada era impossível não comentar: a homenagem, a escolha poética, trágica como todas as mortes, sobretudo as prematuras como a de MS-C ou João Catatau.
abraço

Luís disse...

Paulo: Foste muito lúcido e específico no teu comentário, que te agradecemos e sabemos que o João também, somewhere... Abcs,