Tive durante bastante tempo relutância em ouvir Rufus Wainwright — era uma espécie de resistência ao seu estranho timbre. Mas sentia uma forte atracção pelo seu trabalho e por isso, à terceira, com os álbuns «Want One» e «Want Two», depois os que se lhes seguiram e os que tinham vindo antes, tornei-me admirador.Os registos de espectáculos ao vivo — tanto a homenagem a Judy Garland em «Rufus! Rufus! Rufus! does Judy! Judy! Judy!» como o mais pessoal «Milwaukee at Last!!!» — contribuíram fortemente para reforçar a minha admiração e, claro, a vontade de o ver em concerto.
A oportunidade chega agora com a digressão para o novo álbum «All Days Are Nights: Songs for Lulu», em que Rufus se apresenta a solo com piano, num espectáculo dividido em duas partes: a primeira concentrada no novo disco (interpretado como um ciclo de canções sem interrupção para aplauso), e a segunda dedicada às canções mais antigas. As primeiras críticas que li em publicações portuguesas ao novo álbum não lhe são muito favoráveis, to put it mildly, mas parecem-me injustas ou, no mínimo, precipitadas. O disco é despojado e introspectivo, composto à medida que acompanhava a doença da sua mãe, Kate McGarrigle (que viria a falecer em Janeiro deste ano, vítima de cancro), e é por isso um disco lento, melancólico e, digamos, privado — que não se abre facilmente ao ouvinte. Mas eu acho-o belo, e a cada audição um pouco mais.
«All Days Are Nigths: Songs for Lulu» precisa de alguma paciência e dedicação (que os críticos não parecem querer dar-lhe), mas a recompensa é boa, como estou certo que os concertos (6 de Maio no Coliseu do Porto e 7 de Maio na Aula Magna em Lisboa) demonstrarão.
3 comentários:
E eu vou vê-lo e ouvi-lo.
Abraço
É uma ideia a considerar: ir vê-lo à Aula Magna!
Olá X, obrigado pelo comentário: nós também vamos, aqui no Porto :-) Abraço e bom concerto.
pinguim, se puderes ir estou certo que será uma bela maneira de passares a noite de sexta. Abraço e, se fores, bom concerto.
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