2007/03/29

you talkin'to me?

No filme «Taxi Driver», realizado por Martin Scorsese em 1976, a personagem representada pelo actor Robert DeNiro diz uma frase que ficaria para a história do cinema: enfrentando o espelho com uma arma na mão, Travis Bickle enfrenta-se também a si próprio e insinua sem temor "You talkin' to me? You talkin' to me? Then who the hell else are you talkin' to? You talkin' to me? Well I'm the only one here". A cultura popular (ou pop, como se diz nos anglo-saxónicos) não ignora esta frase tão marcante e carregada de simbolismos, de leituras. E é esta uma das que tantas vezes nos deveria trazer à realidade, num mundo em que sonhamos de olhos abertos. Não poucas vezes perguntámo-nos aonde nos dirigimos, adonde levamos a nossa vida. Essa, sim essa, que é bem mais limitada do que geralmente queremos admitir. Ouvia ontem num documentário da TV que "todos nascemos, crescemos e morremos" e essa é a verdade, pelo menos no nascer e no morrer. Porque o crescimento pode ser maior ou menor, mais curto ou mais longo, ou quase nem existir. Existindo, poderá sê-lo de muitas maneiras. E no fundo assim se entende que crescer é viver, como viver é crescer. Ou estagnar, ficar inerte, entre o cá e o lá, entre o ontem e o amanhã, entre o princípio e o fim... Pergunto-me por vezes, quando vejo o espelho, se eu sei quem tenho por diante. Se o devo aceitar ou se o devo provocar... O certo é que do lado de lá do vidro não está ninguém, só eu daqui... E por mais que eu espere companhia, por mais que eu dê de mim a essoutro, nada mais tenho observado do que uma imagem desfocada da companhia que tanto anseio. Como diria novamente DeNiro, "well I'm the only one here"...

Texto de Paul Schrader via Wikipedia
Imagem de Martin Scorsese via Wikipedia
Importado do blogue gayFEEL

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