2009/01/27

momus maximus

No final dos anos 80 começou a nossa paixão pela música de Momus. «Circus Maximus» (1986, Cherry Red Records) foi o primeiro disco, atraindo não só pelas canções como pelo retrato do artista visto como S. Sebastião, ou até pelas fantásticas versões de clássicos de Jacques Brel — «Nicky», «Don't Leave» e «See A Friend In Tears». Depois veio «The Poison Boyfriend» (1987, Creation Records), com encantos originais como «Violets», «Sex For The Disabled» e «Closer To You». No ano seguinte era a vez de «Tender Pervert» (1988, Creation Records), menos acústico, mais electrónico, majestosamente perverso em temas como «The Angels Are Voyeurs», «I Was A Maoist Intellectual», o incómodo «The Homosexual» — »The Homosexual« they call me / It's all the same to me / That spectre you project / I will now pretend to be / Since your neurosis is what passes for normality / It's okay with me if I'm queer /... / No fucking fear — ou mesmo o encadeado «A Complete History Of Sexual Jealousy (Parts 17 - 24)». Em 1989 saltámos «The Hairstyle Of The Devil» e «Don't Stop The Night» para reencontrarmos alguns dos seus melhores temas na antologia do ano seguinte «Monsters Of Love - Singles 1985-90» (1990, Creation Records). Mais um ano e voltámos aos álbuns com «Hippopotamomus» (1991, Creation Records), na sua segunda versão após a retirada do mercado do disco com a capa original que plagiava sem maldade o Bibendum, mascote e símbolo da marca Michelin. Por esta altura Momus (aliás Nicholas John Currie) procurava reencontra-se e nós fomos perdendo-lhe o rastro: ouvimos «The Ultraconformist» e «Voyager» (ambos de 1992) e só voltámos aos seus discos três anos depois, com «The Philosophy Of Momus» (1995, Cherry Red Records), obra marcada por ritmos dub e de dança, incluindo belas canções como «The Madness Of Lee Scratch Perry», «It's Important To Be Trendy», «Quark & Charm, The Robot Twins», «Girlish Boy», «Microworlds» e quase todas as demais.
Actualmente, os primeiros discos de Momus estão fora do mercado e já só se encontram em edições pirata. Por isso, segundo a UbuWeb (ligação no título), o autor decidiu disponibilizar gratuitamente em mp3 os discos editados na Creation — «The Poison Boyfriend», «Tender Pervert», «Don't Stop The Night», «Hippopotamomus», «Voyager» e «Timelord» — dizendo-nos pela sua voz que this is quite a big decision, but I've taken it. Six Momus albums (the ones I recorded for Alan McGee's Creation label between 1987 and 1993) are out of print. Creation doesn't exist any more, and in theory Sony owns the rights to these albums, but isn't doing anything with them and probably never will.
Que se apressem por isso os curiosos e os interessados que a oferta vale bem o trabalho. Mas há que ser célere porque não é para sempre!...

4 comentários:

paulo disse...

quando andei de volta do post sobre S. Sebastião lembrei deste disco que tu me revelaste, mas como não consegui encontrar a música que queria no youtube, desisti, mas hei-de encontrar "The Homosexual!

vou ver se encontro os mp3 na Creation!

abraços x2

Luís disse...

Paulo: Verifico que o link da UbuWeb para o disco "Tender Pervet" está errado e aqui fica a correcção, que é http://www.ubu.com/sound/momus_tender.html em vez de http://www.ubu.com/sound/momus_pervert.html (e já que procuras o tema "The Homosexual" aqui o tens enquanto podes: http://ubu.artmob.ca/sound/Momus/Tender-Pervert/Momus_Tender-Pervert_04_Homosexual_1988.mp3 - se quiseres poderei publicar a letra inteira, já que tenho o livro "Lusts Of A Moron - The Lyrics Of Momus"). Penso que te contei que o tema "The Homosexual" batia muito forte no seu tempo e que de forma provocadora o passei em muitas circunstâncias, levando as pessoas a confrontar algo de que não se "deveria" falar...
+abcs,

paulo disse...

obrigado pelas dicas! já estive a ouvir! (de facto não tinha conseguido descobrir sequer onde estava disponível o álbum).
e, sim, lembrava das tuas referências àquilo que não devia ser nomeado!
obrigado!

Luís disse...

Paulo: foste suficientemente enigmático nas tuas palavras, para eu ficar na dúvida sobre o que pretenderias dizer-me. Eu ontem não estava em casa ao princípio da noite (falaste com o Gonçalo, eu sei), mas a gente fala entretanto (hoje ou noutro dia) e então explicar-me-ás com todo o detalhe. Um abração, suficientemente largo para chegar ao Zé, mesmo que ele esteja no outro quarto... Até breve!