2009/06/22

inquietações

O manifesto dos 28 economistas perturba-me. Não porque ache que têm ou não têm razão (embora as suas motivações e sentido de oportunidade me levantem as mais sérias dúvidas quanto ao interesse das suas opiniões), mas porque é mais um claro sinal de que começa a surgir um movimento que visa a derrota de Sócrates nas próximas legislativas e a eleição de Manuela Ferreira Leite como primeiro-ministro, sem que se vislumbre grande resistência. E porque me haveria de preocupar essa alternância de figuras e partidos na liderança do governo e, presume-se, de Portugal? Não certamente por causa da economia e de razões como as que os 28 economistas têm para apresentar e o jornal Público para promover — o destaque na barra superior do sítio deste jornal apontava (entretanto foi retirado) directamente para o sítio do dito movimento e não, como seria natural supor, para um artigo que desenvolvesse a notícia — até porque acredito sinceramente que existe um conluio supragovernamental que dita o essencial das políticas económicas quer o partido no Governo seja o PS ou o PSD. O que me preocupa é a passagem da lei que permitiria o acesso de pessoas do mesmo sexo ao casamento civil, questão em que, como acontece com outros assuntos, o PS e PSD são de facto diferentes. Eu sei que se votar em Sócrates terei que engolir o enorme sapo da votação de 10 de Outubro do ano passado, em que o primeiro-ministro ditou a disciplina de voto contra as propostas de lei que o BE e Os Verdes apresentaram sobre a igualdade no casamento civil, mas o facto é que entretanto se comprometeu, numa próxima legislatura, com a atribuição da igualdade aos homossexuais. E esse compromisso, se durante a campanha for claramente afirmado e mantido sem ambiguidades quanto à forma, poderá bem valer o meu voto e, seja essa também a vontade de outros como eu, a sua reeleição. (A ligação no título é para a organização White Knot que, a partir dos EUA, defende o direito dos casais homossexuais darem o nó).

3 comentários:

Anónimo disse...

Partilho da tua opinião, e desde que não seja a "Manelinha" Ferreira Leite ou o Paulinho "das feiras" Portas fico bem mais descansado.
O 2º porque de política a sério não é muito com ele, já lá esteve, teve a sua oportunidade, e espero que o povo não esqueça o tempo que ele e os dele estiveram no "poleiro"; também não esquecendo a roubalheira que fizeram numa conhecida universidade, notícia muito rapidamente abafada há uns anos atrás.
Quanto à Manelinha, bem se volta ao "tacho" é a desgraça. Já fez parte de governos, já foi ministra; e nas finanças para ter dinheiro vendeu todo o património público que pôde, se vende o resto, ficamos sem nada e sem o dinheiro para futuro (grande economista!).
Apesar de a política em Portugal ser a desgraça,
"Caro político faça estágio em Portugal. Os melhores doutoramentos em tudo o que não se deve fazer em política"

Apesar de todos os erros deste governo, reconheço-lhes o trabalho, sobretudo em mudar e melhorar os serviços do estado, e com isto também combater os "pequenos poderes" instituídos no sector público. É um facto que há outros males criados, mas teve a coragem de mudança, bem ou mal isso já é outro assunto.

O facto de ter rejeitado o projecto do Bloco de Esquerda e de Os Verdes, foi um erro grave. Certamente o PS baseou-se nas sondagens da época e somando a isso o "trunfo" da caça ao voto dos GLBTs. Muito mudou desde então, e pelo que me apercebo no dia-a-dia os GLBTs não andam muito convencidos para dar o voto ao PS. Apesar de tudo, e de apontar muitos erros ao Sócrates, também não vejo melhores ou iguais políticos em actividade.

Aquele típico argumento que "há assuntos mais importantes para o país tratar", já não tem cabimento. Em três décadas de democracia (pseudo-democracia) não tiveram tempo?! Não resolveram os problemas mais básicos do povo?! Tiveram muito tempo, até de sobra, se não fizeram fizessem; já deviam ter feito.

Mais um para o Sócrates ;)

João Roque disse...

Caro Gonçalo
já exprimi algures a minha opinião sobre a justeza dos resultados das eleições europeias: numas eleições pouco convidativas ao voto e cujos efeitos são "relativizados" por serem apenas vinculativos para "tachos" em Estrasburgo, o PS foi admoestado e de forma clara pelo eleitorado, que ou não votou, ou votou contra Sócrates; quem não ficou em casa, ou ficou menos, foi a direita e daí os resultados; claramente inflacionado o voto no Bloco, cuja excelente votação saúdo, mas se não irá repetir.
Para as legislativas, trata-se de saber quem nos vai governar nos próximos 4 anos e acho que vai funcionar muito o voto útil, a favor do PS; muita gente que não votou agora ou votou Bloco vai votar no Sócrates, que com muitos tiros nos pés, também teve alguns problemas e grandes que nunca outro qualquer governo quis mexer; é importante que o PS ganhe as eleições, pois só assim uma coligação de direita e perfeitamente nefasta com líderes como Manuela F.L. e Portas será impedida de nos governar.
Que as pessoas pensem, não no que de mau foi eventualmente feito, mas principalmente no que de pior poderá ainda vir a acontecer...
Abraço.

Gonçalo disse...

Olá Vitor, não há dúvida que este governo tem trabalho que deve ser reconhecido e, se não for por outras razões, então que as pessoas se lembrem dessa na hora dos votos. Obrigado pelo teu comentário — ainda por cima aqui tão perto :-)

pinguim, concordo contigo que a votação do Bloco foi de protesto e não se deverá repetir nas legislativas, mas convém não baixar os braços pensando que o PS ganhará necessariamente com o voto útil... Abraço.