2009/07/14

paixão de verão

Hoje passámos a tarde na praia. Depois voltámos para nos arranjarmos e para jantar. Saímos então e fomos até à beira-mar, onde nos sentámos num banco de jardim, ficando a olhar as ondas escuras que se desfazem sob um tímido luar. Na areia, a uns 10 metros de nós, havia quatro jovens, todos rapazes excepto um. Um deles dirige-se ao mar e nele vai entrando, aos poucos. Volta atrás e convence um outro deles a entrar consigo na água. Um parece o reflexo do outro, passo atrás de passo, salto atrás de salto, para vencer a frescura da água e a ondulação que parece querer chapinhar os seus corpos atraentes e semi-nus. Da areia, a rapariga tira-lhes fotografias com uma máquina digital enquanto o rapaz que sobra parece distraído com uma espécie de PlayStation Portable. Os dois primeiros continuam na água, lado a lado como dois noivos que se dirigem para o altar. Segredam sobre o ombro um do outro e riem-se, riem-se muito. Atiram água um ao outro e vão seguindo adiante, passo a passo, cada vez mais fundo. Provocam-se mutuamente. Tocam-se como que para provocar cada um o outro. Depois, um deles sai da água e vai buscar a rapariga. Leva-a para dentro de água e brinca com ela como brincava antes com o amigo. O amigo participa, talvez para não ficar isolado da brincadeira. Nadam para um lado e para o outro, tocando-se os três, repetidas vezes. Logo a seguir ambos puxam os calções de banho para baixo e mostram as nádegas brancas à luz ténue do luar. Voltam a vestir os calções, mas um deles tira-o de novo e exibe-o fora de água, demonstrando que dentro de água há mais que se veja. Mas não resulta, parece-me, e pouco depois tem já vestido de novo o calção. Mais um pouco e um deles pega na rapariga ao colo e atira-a ao outro como se ela fosse uma bola. Estão a jogar os dois, ainda, sendo ela o objecto. Na areia da praia o terceiro rapaz continua a brincar com a PSP, como que nada mais se passasse no mundo. Nós continuamos discretos no nosso banco de jardim, em cima da areia, onde nos sentámos para namorar, reparando nisto tudo e comentando com graça a forma como eles se relacionam, inventando e tentando antecipar o que vai acontecer a seguir entre eles os três, os dois, os quatro. Esperámos, mais e mais, mas nem a frescura da noite, nem o adianto da hora os fazem perder o calor que a sua juventude emana. Decidimos regressar, portanto, deixando-os ainda nas suas brincadeiras sem desfecho definido. Só nessa altura falámos mais à vontade sobre o que vimos. Entendemos que os rapazes iam tentar por tudo passar a noite juntos e desculpar-se no dia seguinte do que viria a acontecer com a justificação do álcool que na noite de hoje terão bebido a mais. Já a rapariga ficaria sozinha pela noite fora, a não ser que se contentasse com a companhia do palerma da PlayStation. Mas, se fosse o caso, o melhor seria entrar no jogo com ele. Nestas coisas é certamente mais fácil vencer a máquina e depois cobrar. Ou dar o prémio ao vencido, no caso de também com ele se perder.

6 comentários:

João Roque disse...

É sempre fascinante esse jogo de elaborar fantasias a partir de situações que decorrem ante os nossos olhos; e não é que por vezes acertamos?
Abraços e a continuação dos vossos lindos namoros...

paulo disse...

é um episódio sintomático, exemplar. interessante ver como o ser humano interage e como provoca o exercício da imaginação. e, como nos romances de fim aberto, acertamos sempre na solução.

abraços aos 2

Ruy A... disse...

LOL
As suposições estão realmente engraçadas, mas às vezes quem sabe não se passará algo parecido xD
Gostei da descrição.

Marcelo disse...

empre que vejo qualquer forma de amor...rezo e peço que Deus os Proteja...assim como desejo a voces pelo lindo conto!

abs

Snl disse...

Ás vezes também me ponho a imaginar a vida das pessoas, sobretudo no centro comercial! É giro!

Luís disse...

Olá a todos!

Pinguim: Neste caso gostei, porque os "miúdos" estavam cheios de energia e tudo evoluía muito depressa. Se acertei ou não, ficou por saber... Abcs para ti tb/ e obrigado pelos votos,

Paulo: Já que falas em romance levas-me a contar-te que quando escrevi a entrada imaginei sentir-me como o Jorge de Sena ter-se-á sentido quando escreveu uma coisa idêntica, muito linda, que eu não tenho agora aqui comigo para citar... Se acertamos? Talvez, pelo menos quase sempre, que nisto somos todos muito iguais... Abcs aos 2 tb/,

Ruy A: Obrigado pela apreciação. Volte sempre, que será um prazer tê-lo de novo por cá,

Marcelo: A sua intenção espiritual vale no nosso universo. Obrigado por ela, os melhores desejos para si também. E abcs,

F3lixP: É inevitável! Não estamos sós no Universo! Abraços,