2009/07/26

regresso atribulado

Como já contámos, nós estivemos ausentes para férias na Costa Brava. Partimos na manhã do dia 13 para o aeroporto de Girona e voltámos ao final da tarde do dia 20. É sobre esse regresso — atribulado — que vou exclusivamente falar-vos.
Somos clientes regulares da companhia aérea de low cost que já todos conhecem e foi com ela que viajámos noutras alturas para destinos a que nos referimos antes aqui: Londres, Marselha e Cannes. Trata-se de uma companhia que democratizou o acesso às viagens aéreas transnacionais e que revolucionou a forma como muitos de nós passaram a relacionar-se com o mundo. Progressivamente iam surgindo pequenas novidades que nos surpreendiam e desagradavam (da venda de "rifas" em pleno voo, à perturbadora musiqueta com que assinalam cada aterragem bem sucedida), porém prevalecia a boa relação de qualidade-preço que nos deixava satisfeitos e nos fazia voltar sem hesitações a voar sob o seu dístico.
Mas desta vez — nestas férias de 8 dias — as "pequenas coisas" tornaram-se ainda mais desagradáveis e isso justificou uma tomada de posição pública como alerta para outros viajantes da companhia em causa (de que não vou referir nunca o nome) ou até de outras companhias de aviação. A nossa viagem foi programada e adquirida com quatro meses de antecedência; no seu preço foram incluídas as passagens e os custos obrigatórios e opcionais associados (4x Priority Boarding, 2x Handling Fee, 2x 08 Days Adult Insurance). As 2 malas de cabina individuais que sempre transportámos connosco não tinham que pagar extras porque obedeciam ao peso máximo (10Kg cada) e às medidas permitidas (55cm x 40cm x 20cm) para embarcarmos com elas. Como é óbvio pelo mero facto de tratarmos das nossas férias com um avanço de quatro meses, somos cuidadosos e as indicações da companhia aérea no sentido de não sermos portadores de bagagem extra ou outros objectos de mão seriam uma vez mais escrupulosamente cumpridas, ao ponto de verificarmos facultativamente o seu peso antes do voo de ida e confirmarmos que havia uma margem de manobra.
Como sempre, à nossa volta viam-se passageiros que não respeitavam as normas mas, salvo exagero notado, todos passavam sem dificuldade mesmo no último balcão de check-in.
Quase todo o tempo de férias foi passado na praia e em visita a museus e galerias de arte. Sabendo que tínhamos uma margem de manobra pequena (de cerca de 4,5Kg no total das duas malas) adquirimos apenas 2 T-shirts, 1 livro (com 22cm x 15cm x1cm) e 4 DVDs (que no seu conjunto medem 19cm x 14cm x 7cm), que não deveriam pesar mais de 1,5Kg. Distribuímos esses objectos pelas duas malas, não havendo de novo nenhuma bagagem extra a ser transportada nas mãos (tal como à ida, tudo seguia dentro das malas). Chegámos cedo ao aeroporto de Girona e aguardámos pela ordem de embarque, como outros passageiros que já lá se encontravam. Assim que chamaram para o check-in tomámos posições na fila do embarque prioritário (lembro que tínhamos pago para isso). Ficámos no segundo e terceiros lugares, atrás de outro passageiro.
De repente apareceu uma senhora de alguma idade, ar de "eu não tenho tempo para nada" e "eu é que sei fazer tudo bem" que mandou avançar a nossa fila. Passou o primeiro passageiro (que levava duas peças de bagagem!) e logo depois disse-nos a nós que não podíamos passar porque as nossas malas eram demasiado volumosas. Espanto!... Passou-nos ao cuidado de uma colega (com todo o ar de sua subordinada) e continuou o processo de embarque com os restantes passageiros. A menina que nos atendia sob sua ordem queria que pagássemos 30 Euros por cada uma das malas. Insistimos que não podia ser, que não havia justificação, que outros estavam a embarcar com segundas bolsas ou mochilas e até com malas de maior dimensão, mas não adiantava. Nós ali, barrados e impedidos de desenvolver argumentos por uma funcionária que aparentemente obedecia cegamente a instruções superiores, vendo todos a seguir em direcção à pista e arriscando-nos a ficar no aeroporto se decidissem dar ordem de partida ao avião. Numa tentativa última e desesperada argumentámos que se ambas as malas tinham excesso de dimensão (verificámos que de facto uma excedia em 2cm e a outra em menos de 5cm), bastaria passar o excesso de uma para a outra e já só haveria que pagar 30 Euros, o valor para uma delas. Assim foi e nós seguimos apressadamente, sendo dos últimos a entrar no Boeing e tendo ao menos a graça de conseguir viajar juntos, apesar de os lugares não serem marcados.
Os problemas não se ficaram por aí (pois queriam que uma das malas fosse para o porão, o que recusámos e conseguimos efectivamente contrariar) e eu fartei-me de soltar para o ar que a situação era imoral (uma vez que não havia um procedimento igual em todos os voos, nem sequer igual perante todos os passageiros daquele voo) e que no dia seguinte publicitaria a minha opinião negativa sobre estes acontecimentos.
Não foi no dia seguinte porque há outras prioridades que nos vão tomando o tempo, mas a notícia e a opinião estão aqui e agora para reflexão de todos nós. Entretanto já foi enviada uma carta de reclamação à companhia aérea, exigindo um reembolso, e outras soluções/destinos de viagem começam a ser observadas para ponderação futura.

2 comentários:

João Roque disse...

Luís
parece que está a chegar a "febre do lucro fácil" às companhias de aviação low-cost; como sabes, viajo bastante, por causa do Déjan estar longe e a companhia que geralmente uso é a German Wings, já que é a única low-cost que opera com a Sérvia; como não há voos directos para Belgrado, tenho sempre que fazer escala em Colónia ou Stuttgart e por azar, os horários levam a que tenha que passar uma noite na Alemanha, tanto à ida como à volta, o que encarece a viagem, claro.
Mas e dando razões ao teu texto, tenho reparado que há sempre algo mais a pagar nas últimas viagens, x por bagagem despachado no porão, mesmo sem excesso de peso e são 4 as viagens, mais y de reserva on line, além dos peços irem sempre aumentando; ainda por cima, o pessoal de terra na Alemanha, não preza pela simpatia, ao invés do pessoal de Lisboa ou de Belgrado.
Já viajei com a Easy Jet e fui muito mais bem servido; Infelizmente não tenho escolha...
Abraço.

Luís disse...

Sim, parece: já li notícias que mais parecem "do incrível" sobre planos desta companhia aérea, só falta saber se são efectivamente credíveis! Depois também me incomoda (não sei como é nas outras, confesso) que num voo de Portugal para a Catalunha e noutro em percurso inverso se dirijam aos passageiros em inglês, castelhano e catalão, esquecendo o português - parece que Portugal não está no mapa, que não é o país de origem à ida e de destino à volta!!! Para terminar: o reembolso foi pedido por escrito e enviado para a sede da companhia; apenas pede a devolução da "multa" liquidada pela mala, mas não pede o reembolso das taxas de embarque prioritário que pagámos e que não se fez, porque nos barraram a passagem - é pena! Como aqui se disse, se calhar as outras companhias aéreas low cost não serão muito diferentes, mas sempre há a esperança e a possibilidade de fazer outras escolhas... Obrigado por também partilhares aqui a tua experiência. Abraços,