Segundo o jornal Público online (notícia completa pela ligação do título), o bispo do Porto, D. Manuel Clemente, defendeu que questões como o casamento entre homossexuais “não podem ser resolvidas rapidamente, exigem reflexão”, e considerou que um referendo “é uma das hipóteses” para que esse debate aconteça.Ora que tão grande verdade se encontra aqui, uma dessas de La Palice: a Igreja do senhor bispo precisa de mais tempo para reflectir sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo e entende que um referendo é uma forma de debater e decidir sobre o assunto. O que eu mais estranho nestas afirmações do senhor bispo é:
- Que ele ache que ainda não se reflectiu o suficiente e, por isso, admita reflectir mais e eventualmente mudar também a sua actual opinião — que agora é tão seguramente contra, quanto definitiva;
- Que ele não tenha a consciência que se trata tão somente dum simples casamento civil entre pessoas do mesmo sexo, não de um pacto contra a sociedade ou contra qualquer igreja, até porque não há qualquer intenção de oposição, de negação, de substituição do casamento tal como ele hoje existe, apenas uma exigência de igual respeito e compromisso entre duas pessoas que se amam e têm um projecto de vida comum — é disso que se trata;
- Que ele ache que o debate seguido de referendo é suficiente para uma alteração de consciências, para um esbatimento de medos, para um apoio alargado da população e das instituições, e para a vitória de um sim — tal não aconteceria, como nunca aconteceria a sua igreja seguir o resultado do referendo se hipoteticamente este lhe fosse adverso.
Nós queremos apenas ter o direito de viver plenamente as nossas vidas, sem interferir nos direitos legítimos de mais ninguém e sem que sejamos impedidos de usufruir do acesso ao casamento civil e de o celebrar em conjunto com aquele ou aquela que amamos.
Já não é tempo para reflectir, agora é tempo de agir!
5 comentários:
estamos de volta!
http://www.centrallgbt.blogspot.com/
A actualização está feita, na coluna das ÚLTIMAS. Que seja por muito tempo, então!
Absolutamente de acordo.
O tempo de reflectir já passou há muitos anos e nesse altura não vi nenhuma abertura para debates, mas agora com a iminência da legalização já querem discussão...
Valha me deus xD
Oh...estavas à espera de que num pais que num pais católico não assumido, a igreja não viesse com estas tretas? Enfim, o casamento vai ser aprovado e ponto final!
Ruy: Deus é grande, diz-se, e deve dar para todos! Se o Paraíso existe, porquê fazer da Terra um inferno?... Afinal somo todos criaturas desse deus, ou ainda estaremos no tempo em que só os bons, bonitos e perfeitos são fruto da Criação?... :-\
John: Não estava à espera, não! Mas também não sou tão ingénuo quanto se calhar a Igreja pensa que todos nós somos e - por isso - há que mostrar que estamos acordados, que damos luta, que queremos um mundo melhor, hoje. Aliás ocorre-me lembrar que o Povo diz a todo o tempo que há outras coisas mais urgentes, prioritárias.
Mas eu pergunto: todas essas coisas urgentes e prioritárias dizem-nos respeito a todos, não dizem? Portanto isso significa que também nós temos interesse nelas em que se façam, que avancem... Agora não me iriam dizer que uma mulher não poderia votar porque estamos em crise; ou que um preto não poderia ter os mesmos direitos que um branco porque os brancos ainda não resolveram todos os seus problemas (que não são só dos brancos). Aqui também, no caso do casamento, trata-se da universalização dos direitos que já existem. De concedê-los dentro das regras estabelecidas a todos os cidadãos que queiram casar segundo os padrões que conhecemos, oferecendo à sociedade o seu contributo... ... ... ...
Ai que há tanto cá dentro sob pressão e que apetece soltar, libertar, deixar fluir... Não tardará muito e será diferente!... Diferente e, no fundo, igual ao que sempre foi, sem prejuízo de ninguém!...
Abraços para ambos,
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