2011/01/19

presidenciais

Esta campanha para as presidenciais é a mais vergonhosa de que tenho memória: não se discute nada de importante; defende-se as capacidades especiais em economia e finanças de um Presidente que não as soube utilizar adequadamente nem num passado remoto, nem no recente; usa-se e abusa-se da demagogia e defende-se o "mal menor" (a vitória de Cavaco Silva na primeira volta), até porque "o País não poderia com os encargos de uma segunda" (foi o próprio Presidente-candidato que o disse, embora por palavras apenas semelhantes). Depois disso só nos falta propor que o cargo de Presidente seja vitalício!...
Mas Cavaco não serve para Presidente. Mais do mesmo é algo de que já nos fartámos, desde o seu tempo de Primeiro-Ministro. Como é que podemos ser tão cegos? Como é que não conseguimos ousar exigir mais do que nos foi prometido e sempre adiado?
Para fazer crescer Portugal é necessário mudar. Mudar de alguma forma, mas mudar! É necessário corrigir o que está mal. É necessário pensar no bem de todos. Com Cavaco tenho a certeza que teremos mais do mesmo, o que não é nada bom! Por isso é importante ir votar, nem que seja só para dizer que queremos outra política e outro futuro para Portugal, para os portugueses, para nós próprios e para os que nos seguirão. Que queremos desenvolvimento económico e social, trabalho, vencimentos justos, equivalência salarial entre os sectores público e privado (nunca ninguém se lembra disso, pois não?) e, mais importante (chamem-nos radicais), o fim da pobreza em Portugal (sobre isso muito ainda se escreveria).
É importante votar e votar bem, neste domingo: a abstenção, votos em branco ou nulos favorecem todos por igual e, a partir daí, dão mais hipóteses a quem menos desejaríamos (re)ver como Presidente. Por isso, para tirar os indecisos da indecisão, recomenda-se a leitura do «Dossier Presidenciais: os candidatos e as questões LGBT», que está disponível no sítio da ILGA-Portugal, com ligação directa a partir do título desta entrada. Não queremos votar num candidato que não está certo das suas convicções, ou cujas convicções em matérias LGBT vão contra nós. Ou quereremos?...

8 comentários:

João Roque disse...

Concordo em absoluto com o teu texto.

Unknown disse...

tambem concordo mas acho que vai muito mais alem das questoes LGBT. O problema foi a pobreza de ideias discutidas nesta campanha. so se atacou o Cavaco o que, no final, vai acabar por favorece-lo

Anónimo disse...

É bastante redutor resumir a decisão do voto à relação dos candidatos com os LGBT. Estamos a escolher um Presidente da República, devemos ter em conta o que é melhor para o país, o que, mesmo sendo gay, digo que penso excluir um pouco esse tema.

Eu por mim voto Cavaco, consciente, mas não quero "envangelizar" ninguém.

Peço desculpas pela invasão.

Luís disse...

pinguim: obrigado, embora me surpreenda com a tua absoluta concordância, até porque o meu texto não é necessariamente um texto de apoio à candidatura de Manuel Alegre.

Speedy: eu também acho que a escolha vai muito mais além das questões LGBT - o que, aliás, é referido como um tema para ajudar a ultrapassar as dúvidas, a quem as tenha - embora eu não veja nenhum negro (a título de exemplo) a votar num presidente racista, seja lá onde for... Sem duvida que a campanha foi muito fraca, quase sem ideias. Mas também reparo que houve quem as trouxesse a debate de forma responsável...

Francisco: creio que é a primeira vez que comentas neste blogue e quero agradecer-to desde já pela opinião que nos deixaste. A relação dos candidatos com os LGBT não é sugerido como questão de fundo para definir a opção de voto. Mas, para um LGBT, deve contar - no meu caso, conta muito (vê a explicação acima, na resposta ao Speedy). Se tens dúvidas, isso pode determinar uma preferência. Além de que penso ser errado escolhjer "o que é melhor para o País", pois isso não é mais do que o resultado das escolhas de cada um e de todos nós. Desculpa-me (respeito a tua escolha e gostaria que tivesses toda a razão), mas eu vou seguramente votar num candidato que provavelmente não tem a mínima hipótese de passar a uma segunda volta. No entanto isso serve os meus objectivos (tirar força a Cavaco e aos anti-LGBT que o apoiam), apoiar um candidato menos homofóbico numa eventual segunda volta e escolher quem me pareceu mais sério e mais de acordo com os meus valores gerais nesta campanha para as eleições. O meu voto vale o que vale, mas terá um valor mais profundo do que escolher o inevitável... Boa sorte (para todos nós) e volta sempre, ok?

Abraços,

um coelho disse...

Concordamos todos que a campanha foi pobre, recheada de ataques pessoais e muitas vezes demagógicos, perseguições ao património pessoal dos candidatos e pouco abonada (senão mesmo nada abonada) em novas ideias e debate construtivo que permita sair deste marasmo.
Compreendo que destaques as questões LGBT, porque enquanto grupo leitores/bloggers esse será provavelmente o factor comum dominante. Não restringindo (naturalmente, como já referiste) a opinião de voto a esse ponto, é importante que cada um, de facto, vote em consciência e com responsabilidade. Se é verdade que cada voto no cômputo geral conta apenas como um, ele é a expressão máxima em democracia da opinião de cada eleitor, e não queremos que a nossa opinião seja decidida por outros. E também que não seja tomada de ânimo leve ou com conformismos.
Abraços

Luís disse...

um coelho: acima, já o pinguim dizia "Concordo em absoluto com o teu texto". Eu também! ;)

João Roque disse...

Luís
eu não fiz do teu texto uma leitura que me levasse à convicção do teu voto em M.Alegre; a minha concordância "total" referia-se à necessidade de não votar Cavaco e também à importância de votar, em quem quer que fosse, à excepção de Cavaco.
Abraço.

Luís disse...

pinguim: foi apenas o "absoluto" que me levou a considerar que assim tivesses entendido. E não votei no candidato com o nome mais bonito ;) de todos os candidatos, não senhor. Mas tenho muita pena que ele não tenha sido levado a uma segunda volta, apesar do "desperdício" financeiro que isso significaria para a nossa democracia... Daqui a cinco anos deveremos ter mais presidenciais. A não ser que se decida suspender a democracia - como já sugeria a outra -, para fazer face à crise. Abraço largo, para alcançar todos os verdadeiros democratas deste país.