2011/01/25

quem discorda, afinal?

O Público diz que as "empresas rejeitam a criação de um fundo para financiar despedimentos" e que os "salários podem cair por causa das novas regras das indemnizações". Mais do mesmo, portanto, agora para o sector privado e para aqueles que sempre foram os que ganharam menos, até para os padrões de Portugal (os do sector público).
Mesmo assim, são sábias as palavras de João Proença (da União Geral de Trabalhadores, UGT) a propósito do modelo espanhol defendido na Comissão Permanente de Concertação Social para justificar as medidas:

"Se nos derem o salário espanhol, aceitamos de imediato a proposta do Governo!" tal dito merece destaque, ó ai se não merece!

E quem discorda, afinal? Os patrões e o(s) Governo(s), certamente. Mas será que só podemos ser espanhóis (ou europeus) numas coisas (as que mais lhes convêm), mas noutras não?!...

6 comentários:

João Roque disse...

Realmente é fácil "pegar" no argumento de que a Espanha (e a Europa também) faz isto ou aquilo, se as condições fossem as mesmas nos dois países.
Porque razão não baixamos o preço dos combustíveis para os preços que se praticam em Espanha?

Luís disse...

pinguim: tens razão, mas acrescenta isto - quando aludem à falta de produtividade nacional há que questionar de onde vem esse (mau) exemplo. E, infelizmente, são muitos os casos em que vem do patrão, que não tem qualificações. Se o nível de trabalho dos "teus" superiores é baixo e pouco empenhado, seguramente que acabas por também baixar os braços. Mas esse é só um lado da questão pois a ideia (de que já não se ouve falar) de que a produtividade daria lugar a prémios seria de aproveitar (apesar de não se aplicar aos patrões, que continuariam ainda a ser um mau exemplo para os trabalhadores). Quando os patrões que não sabem trabalhar, eles que fiquem em casa e paguem a quem sabe. Mas que paguem bem, porque isso é que é o justo! Abraço,

Individual(mente) disse...

Também vi isso no telejornal e pensei exactamente o mesmo. Estou completamente de acordo.

Luís disse...

Individual(mente): obrigado pela opinião-testemunho. Abraço, também,

Javier disse...

Curiosamente es el mismo argumento que aquí, en España, se está utilizando para rebajar los derechos y los salarios de los trabajadores, pero por arriba no se ha tocado nada o casi nada, siendo los paganos de la situación los mismos de siempre. Aquí nos parece que el gobierno anda bastante desnortado y prefiere recortar y dejar sin cobertura a los trabajadores mientras beneficia a especuladores e inversores de dudosa catadura.

Gonçalo disse...

pe-jota, obrigado pelo teu comentário. O fosso entre ricos e pobres não para de crescer em Portugal, e a crise e a necessidade de pagar o défice estão a servir de pretexto para pôr em prática algumas medidas e leis com as quais se vai empobrecendo a classe média e, portanto, distanciando cada vez mais os extremos.