Recentemente, já todos saberão, duas raparigas de um liceu de Vila Nova de Gaia foram repreendidas por namorarem à vista de quem as quisesse ver, tal como, sem terem de pensar duas vezes no assunto, o teriam feito namorados heterossexuais. A repreensão é obviamente homofóbica, tanto mais que agora a Constituição Portuguesa proíbe explicitamente a discriminação com base na orientação sexual. O conselho directivo da escola em questão, no entanto, achou por bem revelar aos pais de uma das raparigas (maior de idade e própria encarregada de educação) a homossexualidade da filha e, enquanto algum professor equiparava na sala de aulas a homossexualidade à toxicodependência, determinou que todas as demonstrações de afecto amoroso, homo e heterossexuais, seriam banidas da escola, no que mais não parece ser do que uma preconceituosa e injusta forma de contornar a lei. Infelizmente a sociedade portuguesa corre muito atrás da sua Constituição, e até alguns dos seus mais distintos arautos, como Miguel Sousa Tavares (não resisto a comentá-lo porque me surpreendeu), consideram que demonstração de afecto entre homossexuais é exibicionismo a que, como neste caso, as outras "crianças" de uma escola secundária não têm que estar expostas.E a remoção dos crucifixos das paredes das escolas? A minha primeira reacção foi pensar: tolerem-se os crucifixos e quaisquer outros símbolos religiosos, tal como gostaria que se tolerassem as diferenças motivadas pela orientação sexual. Mas o problema, está claro, é que faz tanto sentido que a escola pendure os crucifixos nas paredes como, improvavelmente, que colasse posters de casais de lésbicas a beijarem-se. A escola pública não tem que impor padrões de comportamento, quer sejam sexuais ou religiosos, violando a diversidade salvaguardada pela lei, nem proibir que um alun@ leve um crucifixo ao peito enquanto passeia de mão dada com @ namorad@.
(Nota: a imagem, só para alindar, é da serie televisiva norte-americana «The L Word», conforme link no título deste post.)
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