«L'Amour de Loin» , o DVD descoberto quase por acaso no escaparate de uma loja de discos, assinalará o nosso dia 13 de Dezembro...A ver em breve, a dois, este é o registo da estreia em 2000 da primeira e aclamada ópera da compositora finlandesa Kaija Saariaho, baseada no mesmo texto de Amin Maalouf, um libanês que há 30 anos se tornou habitante de Paris e já teve livros traduzidos para 26 línguas.
Da música não haverá certamente muito que dizer porque Kaija é já uma figura de grande prestígio entre os compositores contemporâneos mais inovadores e a sua obra é já nossa conhecida, particularmente a que se inscreve no domínio da música electroacústica, na linha de Pierre Boulez.
Do texto pode dizer-se que é colorido e inspirado na vida de um jovem príncipe que foi um dos maiores trovadores do século XII. Jaufré Rudel (o príncipe-trovador) decidiu abandonar a vida desregrada que levava e dedicar-se à procura do amor da sua vida, um amor diferente dos que conhecera, especial, sublime. Sem o encontrar, vai constantemente compondo canções em seu louvor, num canto de esperança infinda. Os seus companheiros, em coro, rodeiam-no e tentam demonstrar-lhe que tal amor é impossível, que não existe, que não pode ter lugar. Mas Jaufré não perde nunca a esperança e vive do seu sonho de amor imaginado.
É um peregrino regressado das terras cristianizadas de além-mar que, um dia, traz a boa nova, descrevendo uma mulher fantástica que encontrou em Tripoli e que se deixou enamorar pela descrição do príncipe que lhe escrevia canções de amor.
Impulsivamente, o príncipe lança-se ao mar, à descoberta do seu "amor de longe", mas de tanta precipitação e falta de preparo para a viagem, acaba por adoecer no trajecto e chega já moribundo ao seu destino. Desesperado, o fiel peregrino que o acompanha vai ao encontro da mulher amada, a condessa Clémance, avisando-a da chegada do príncipe, que se encontra doente e quase já sem vida, pedindo-lhe que o receba imediatamente na cidadela. É por fim na presença da sua amada que Jaufré retoma aos poucos a consciência. E nos braços um do outro, prometem mutuamente que se amarão para todo o sempre.
Mas Jaufré morre e Clémance revolta-se contra os céus e contra si própria, por se considerar a responsável por tão trágico fim. Retira-se então para um convento e a última cena da ópera revela-a como religiosa, em oração. As palavras não são suficientemente perceptíveis para que possamos entender se na sua prece se dirige a um longínquo deus ou ao seu "amor de longe".
Uma nota extra para o colorido intenso e o forte impacto visual da mis-en-scéne, apesar do seu despojamento e simplicidade...
Muitos parabéns!
Sem comentários:
Enviar um comentário