2006/02/03

bruno coulais: à mãe dolorosa

Bruno Coulais é um compositor nascido em Paris em 1954, filho de pai francês e de mãe iraquiana.
Especialista em música para cinema, Bruno Coulais também assinou «Microcosmos», «Himalaya», «Les Choristes» e «Le Peuple Migrateur». Mas já fazia música no final dos anos 70 (a banda-sonora da curta-metragem «Nuit Féline» é de 1978) e, no seu longo percurso criativo, também piscou o olho a Cocteau, em 2003, com a música para a versão televisiva de «Les Parents Terribles».
"Procurar o 'sagrado' nas pequenas coisas do quotidiano é a lição que eu recebi do cinema, e é uma ideia que me acompanhou ao longo de toda a escrita deste «Stabat Mater»", disse.
Este título é a abreviação do primeiro verso de um hino católico-romano do século XIII, atribuído a Jacopone de Todi: «Stabat mater dolorosa» ("estava a mãe dolorida"). Coulais inspirou-se nele para, a convite do Festival de Saint-Denis, criar esta obra intensa e de mestiçagem cultural que foi estreada em Junho de 2005, na Basílica de Saint-Denis, em Paris. Tal como no disco que agora nos chega às mãos, os textos cantados por Aïcha Redouane são extraídos de «La Passion de Râbi'a» (poemas sufis de Râbi'a al-Adawiyya, do século VIII).
Para além da cantora berbere, assinale-se ainda um elenco extra de respeito com o jovem mas talentoso violinista Laurent Korcia, a revelação como cantor de Guillaume Depardieu (filho do actor Gérard Depardieu), a voz off de Robert Wyatt (e onde Robert se envolve está sempre um grande trabalho), mas também Marie Kobayashi (meio-soprano), Claire Désert (clavicórdio, piano) e o coro de câmara Mikrokosmos.
Bruno diz-nos ainda: "Neste belo e comovedor texto, eu escolhi dar ênfase à expressão de uma mãe face à morte do seu filho, e não tanto à da lamentação da Virgem face à morte de Cristo."
Acrescenta: "Outra coisa que me vem do cinema, e muito particularmente de «O Evangelho Segundo S. Mateus» de Pasolini, é que o reencontro de universos musicais tão diversos podem conduzir-nos ao 'universal'..."
O disco é muito sedutor, pelo tema, a abordagem, o elenco e toda a envolvência mágica em que a capa (com uma foto do canadiano Larry Towell, da agência Magnum) é a apetitosa cereja que se põe sobre o já delicioso bolo. Mas também porque, inevitavelmente, nos faz pensar nas nossas queridas mães!

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