Esqueçam Cervantes e o «Dom Quixote», se queremos reencontrar Espanha na poesia (e com o calor e os acontecimentos mais recentes da minha vida eu penso frequentemente nela), reencontramo-la seguramente mais depressa e mais potente em García Lorca. Cumprem-se este ano 70 anos sobre a morte de Federico García Lorca, indiscutivelmente um dos poetas mais geniais e influentes da latinidade ibérica e americana e um dos principais alicerces do imaginário espanhol. A obra deste andaluz é toda opulência visual e excesso metafórico; é feminina mas ardente pelo viril; católica mas em fervor do pagão; é sobre a natureza primordial e os elementos metafísicos; é sobre a mulher e o homem sob o sol que castiga e torna as coisas e a carne maduras e douradas, e é sobre os anjos quando nos visitam e se corrompem ou nos corrompem; é poesia que gera vida porque é poesia que não esconde morte; é peixe e é lua...Verde que te quiero verde.
Verde viento. Verdes ramas.
El barco sobre la mar
y el caballo en la montaña.
Con la sombra en la cintura
ella sueña en su baranda
verde carne, pelo verde,
con ojos de fría plata.
Verde que te quiero verde.
Bajo la luna gitana,
las cosas la están mirando
y ella no puede mirarlas.
(...)
1 comentário:
Obrigado pela visita e pelo comentário, é sempre bom saber que temos visitantes e que podem voltar. Até à vista!
Enviar um comentário