Há uma entrada atrás o Gonçalo referia que as coincidências formam cadeias de sentido e, sublinhando a lógica reparo como aconteceu a nossa presença no concerto dos 50 anos de Marc Almond, em Londres, no Sheperds Bush Empire.Sairíamos do Porto a 6 de Julho e voltaríamos a 11. Por coincidência, a 9 o Marc daria um concerto e nós estaríamos lá. Fã antigo do cantor dos Soft Cell, seria impossível evitá-lo. Os contactos foram feitos e os bilhetes adquiridos. A sala do Shepherds Bush Empire, onde em tempos a BBC gravava os seus programas de teatro, é famosa pelo ambiente acolhedor e pela boa acústica. Dirigimo-nos ao local cerca de uma hora antes, quando as filas começavam ainda a ser formadas. Pela primeira vez nesta viagem uma chuva ligeira, mesmo muito leve, cobriu as ruas de Londres. Antes de entrarmos já tinha parado. Por essa altura a quantidade de gente que esperava pela abertura das portas era surpreendente, mas a ordem mantinha-se e todos aguardavam em duas filas enquanto se trocavam olás e abraços entre amigos que talvez não se vissem há imenso tempo. Chegando a nossa vez de entrar, fomos orientados para o 1º balcão, onde conseguimos ocupar duas das cadeiras centrais na segunda fila. A luz era suave e quente, a música ambiente cumpria a função de nos ambientar. Durante uma meia hora ia-se vendo quem chegava, como a sala se enchia, quem ocupava as cadeiras à esquerda e à direita da boca de cena, reservadas aos convidados. Pareceu-nos reconhecer entre eles algumas presenças previsíveis: Pierre et Gilles à nossa direita, que se fartaram de aplaudir e trocar acenos e beijos com Marc; Matthew Stradling, à nossa esquerda, aparentemente acompanhado por uma amigo, e logo a seguir os Coil de Peter Christopherson e John Balance, mais um par de outros elementos das tribos descendentes dos Throbbing Gristle e dos Psychic TV...
À hora, Marc entrou em cena com a sua banda. Os aplausos imediatos deixaram-no seguro da sua noite especial. Ofereceu-nos a sua criativa versão de «Jackie» de Jacques Brel, a histórica «Caroline Says» de Lou Reed, ou o muito seu «I Have Lived» de Charles Aznavour, bem como muitas mais versões, como seria de esperar, entre outros tantos originais. Mas foi «Tainted Love» que fez agitar toda a sala e «Say Hello, Wave Goodbye» que confirmou a disposição dos presentes para ficar ali a cantar com Marc pela noite fora.
«Happy Birthday» também foi alegremente cantado por todos nós e Marc não conseguiu esconder a sua profunda emoção. Escreveram os cronistas que lá estiveram que o concerto durou 150 minutos, num único take. O que bem mostra a forma de Marc Almond, apesar dos 50 anos.
Foi um dos concertos da minha vida, não tenho dúvidas!
4 comentários:
oh! Deste um olázinho ao Matthew?
Sortudos!!!!
De novo o marc Almond, pelos vistos foi um bom concerto.
Parabéns e um abraço.
Meu querido Daniel: o Matthew era previsto, mas eu não o conheço, só das fotos na net. No entanto achei que seria ele e, vendo-o depois nessa imagens, fiquei ainda com mais certezas. Mas seria muito a despropósito para o meu estilo ir lá dizer-lhe "olá, tu aqui?..." ou algo do género, não é?!...
Ping: a sorte não tem sido algo que me acompanhe ao longo da vida, é bem mais o esforço e o trabalho. Mas aqui terás razão, porque o acaso se confunde com a sorte. Por acaso tivemos sorte com a coincidência, mas outras possibilidades ficaram de fora por essa datas. Por exemplo os Blondie, Les Rita Mitsouko ou a London Gay Simphony Orchestra. Pois, pois...
Special K: de novo, por eu já andava a prepará-las com discrição. Mas o concerto foi muito mais do que bom: foi absolutamente fabuloso! Só tenho pena que (ao que me pareceu) não tenha sido filmado para edição vídeo. Fabuloso, fabuloso!...
Abraços para todos.
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