Hoje, numa visita ao meu banco habitual, onde pedi informações sobre a sua oferta de PPRs (taxas de juro, benefícios fiscais, mobilização, dupla titularidade, beneficiários em caso de morte) fui atendido pela directora do balcão que, a esse propósito, me perguntou se eu era casado. Respondi que não, mas que em breve o seria e que queria estudar as ofertas nessa perspectiva. Daí para a frente o quase-monólogo foi do género "a sua esposa isto", "a sua namorada aquilo". Apeteceu-me muito interromper e lembrar à senhora que Portugal está em suspense à espera da aprovação final de uma lei que circula ainda pelo Tribunal Constitucional. E que seria bom considerar tal facto.Mas como eu tinha alguma pressa e sempre fui muito bem recebido e atendido naquela dependência do banco (onde tenho a conta aberta, com o meu companheiro como segundo titular), entendi que o melhor era deixar passar o equívoco, apenas por agora. Até meio da próxima semana, pelas minhas contas, o Tribunal Constitucional decidirá sobre a lei que o Presidente mandou para fiscalização. Estou convencido que, depois, o discurso terá mesmo de mudar. A não ser que me queiram colocar um dia sozinho, numa ilha, a gozar da minha reforma sem o meu querido Sexta-Feira...
4 comentários:
Já tive alguns momentos desses e normalmente divirto-me imenso porque faço de facto questão de fazer a outra pessoa pensar. A norma já era!
Neste caso que relato não houve a necessidade de eu me referir à "outra pessoa" (embora tivesse que responder "sim" ou "não", digamos). No caso relatado, só não parti para clarificar a situação porque não havia essa exigência e porque eu próprio estava lá mas com os meus minutos contados (com pressa). Como sou cliente habitual, o tema acabará por vir a conversa de novo. Assim espero, que os próximos dias são mais disso do que de megafones e de bandeiras. Quanto à norma, essa redefine-se mas não deixa de existir. E a partir do momento em que a norma seja outra, as instituições terão mesmo que se despir de preconceitos e adequar a linguagem, sem chocar absolutamente ninguém. É simples, é eficaz e isso é reforçar os laços sociais :-)
Um abraço para ti,
Não se pode estranhar que as pessoas continuem a falar como "antes", afinal fazemo-lo há mais de 1 milénio e nunca a realidade homosexual foi assumida e revelada como agora. Vai levar temmmmmmpo mas chega lá! É como os escudos: temos o euro há 10 anos mas muita gente ainda pensa/fala em contos...
Némix: É verdade, sim, os milénios pesam e muito mais do que as décadas. Mas todos nós temos alguma capacidade de mudança e de respeito pela dignidade dos outros. Isso não é coisa por que opte como pensar/falar em euros ou em contos... Afinal também nós, que somos homossexuais, tivemos de lutar contra essa realidade, primeiro escondendo-a, depois esclarecendo-o e finalmente assumindo-a. E eu não tenho um milénio para esperar por mudanças lentas. Já esperei demais!!! Abraço,
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