2006/01/04

1 milhão

Pelo menos desde 1948, quando Alfred Kinsey publicou o livro «Sexual Behavior In The Human Male» (mais conhecido como "Relatório Kinsey"), que as estatísticas sobre o número de homossexuais se fazem com alguma regularidade e rigor. Estes estudos, seja pelas dificuldades inerentes à obtenção de respostas a inquéritos sobre a sexualidade, seja pela dificuldade de determinar a partir de que ponto um indivíduo pode ser considerado homossexual, não têm sido abrangentes nem conclusivos, mas parecem apontar com alguma constância para um número entre os 5 e os 10% da população. O Governo Britânico, por razões de ordem financeira (e da importância dos impostos se poderá concluir sobre a intenção de rigor), realizou recentemente um desses estudos, e concluiu que cerca de 6% da população seria homossexual. O blogue Renas e Veados já se entreteve a fazer as contas, extrapolando para a população de Portugal a percentagem inglesa, com a qual se obteriam cerca de 630.000 homossexuais lusitanos. O semanário Expresso anuncia 1 milhão, ou como se constata noutro blogue (desta vez no de Miguel Vale de Almeida), mais do que a população existente no Luxemburgo, na Islândia ou no Mónaco e aproximadamente o mesmo do que a população de Timor-Leste. A mim parece-me que o peso do número (seja ele 630.000 ou 1 milhão), que de resto podia já há algum tempo ser adivinhado ou entrevisto, acaba por ser notícia de menor importância do que o facto do Expresso lhe dar destaque de primeira página, em confronto directo com a opinião que cada um dos candidatos à Presidência da República tem sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo. De repente, e finalmente, parece que se começa a acordar...

2 comentários:

Anónimo disse...

está bem visto, está!
Tiago

Gonçalo disse...

Já não costumo ler o Expresso, portanto não sei como é que a notícia se enquadra na linha editorial e política do jornal. Depois há a possibilidade de manipulações para fins eleitorais (ou será que esta ideia é muito rebuscada?) e sei lá que mais. Mas o que me parece é que a sondagem confronta o leitor com uma realidade muito mais comum do que ele se calhar imaginava, associada à aceitação (ou "talvez") por potenciais presidentes da República...