Porque os outros se mascaram mas tu nãoPorque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.
Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.
Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.
«Porque» é um poema de Sophia de Mello Breyner Andresen que pode ser lido na página 159 do livro «Antologia» (Círculo de Poesia, Moraes Editores, Lisboa, 1975). Fonte de muitas inspirações, dedico esta singela memória, ilustrada com um quadro de Mark Rothko, ao meu pai (que perdi há quase 11 anos) e à minha mãe (que perdi há apenas 6 meses). Com eterna saudade.
Texto de Sophia de Mello Breyner Andresen
Imagem de Mark Rothko via Guggenheim Museum
Importado do blogue gayFEEL
6 comentários:
Caro Luís!
Passarei a visitar-te aqui!
Muito obrigado pelos teus comentários durante os meus tempos de chumbo!
Quanto ao édito, obrigado! Também os meus pais já partiram. Há muitos mais anos, mas é como se tivesse sido há pouco tempo...
Abraço amigo! :-)
Ric: O gayFEEL é assim como que uma sala mais pessoal da casa que já conhecias e que continuo (e continuarei) a partilhar com o Gonçalo: o gayfield. Num, ou noutro sítio (ou, até, no l'avion rose), a tua presença e comentários serão sempre muito bem recebidos. Um abraço, grande,
... Merci, mon cher...
:-)
Caro Luís
depois de uma ausência de 2 semanas eis-me regressado à blogosfera, e, curiosamente, fui beber o primeiro édito após o regresso, à mesma fonte, onde foste tirar este lindìssimo poema: Sophia.
Como compreendo a dor que sentes, após a partida de entes tão queridos! Eu já vi partir meu Pai, já lá vão 18 anos e recordo-o sempre com uma infinita saudade.
Mas, tens a teu lado alguém que saberá suavizar esses momentos com a ternura que necessitas.
Um abraço.
Ping: Obrigado pelas tuas palavras... Já tinha lido um escrito teu sobre o teu pai e, por isso, sei bem a saudade longa e infinda que sentes. E entendo como a presença constante de um companheiro é importante para suavizar essoutra saudade. Mas olha que eu tenho Alguém, mas não com essa presença que tu pareces crer... No Mário... No Mário de Sá-Carneiro... Está lá tudo, ou quase!!! Abc,
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