A primeira vez que estive em Londres foi nos anos 80 e já nessa altura a capital britânica era uma cidade muito mais aberta do que eu poderia prever. Ido de um Portugal defensor da democracia e da liberdade, as diferenças só poderiam mostrar-me que por cá vivemos quase só de ilusões e de pouca convicção. Por lá, nas ruas dizia-se não e não e não à Cláusula 28, nome por que era conhecida a nova lei sobre a idade do consentimento sexual. Lá, nesse mesmo ano de 1986, um café-bar saía do armário e adoptava como nome First Out. Era o primeiro espaço do género na grande Londres e era por isso notícia. Soube dele assim, por uma revista, e fui à sua procura no nº 52 de St. Giles High Street, no West End. As duas mesas no exterior davam-lhe um ar de serena normalidade. Lá dentro havia um balcão-frigorífico com atractivos bolos e clientes num vai-e-vem entre o balcão e as mesas, num ambiente decorado ao estilo continental, com música suave, intimista e agradável. Descendo as escadas que se nos ofereciam adiante, o ambiente mudava para algo mais britânico e mais cool, de iluminação mais ténue, música mais alta e algum fumo de clientes que se faziam ouvir em conversas soltas. Se no piso de cima (usado como café) predominava um consumo light à base de doces e saladas, de chá, café ou refrigerantes, já no de baixo (usado como bar) se bebia sobretudo álcool. Sobressaiam estes dois ambientes num só espaço partilhado por rapazes e raparigas (talvez com a predominância destas), claramente gays mas diversos nas suas maneiras de ser e de estar. Pelas paredes mostravam-se quadros de novos artistas. Quanto aos preços, enfim, não é de esperar pechinchas na capital britânica, mas com um pouco de sorte e de sabedoria há sempre alguma possibilidade mais conveniente. O First Out Café Bar deverá ser um ponto de paragem para quem, como nós, passe ao lado e não escape à atracção da história.Estações de Metro: Tottemham Court Road, Covent Garden ou Leicester Square.
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