2011/03/23

ai se ele cai

Ai se ele cai
é cá uma pastilha que ninguém se levanta mais do chão.
Solta uma chuva radioactiva
que até molha o coração.

Ai se ele cai... ai se ele cai abre um buracão,
levanta uma poeira miudinha que tira a tosse da garganta
e rebenta com o pulmão.

E é que se ele cai
não haverá segunda vez nem p'ra mim, nem p'ra ti,
nem pró Papa, nem pró cão.

É qu'aonde ele cai
abre um buracão.
E s'ele cai nunca mais há ninguém p'ra meter num caixão,
é que s'ele cai nunca mais há ninguém p'ra meter num caixão.

Em Tokyo, em Monpracem, no Connecticut,
em Vila Nova (Vila Nova) d'Ourém,
no Minnesota, Vladivostok,
em Tripoli ou aqui,
ou nas ilhas ou nas ilhas Faröe,
em Faro ou nas ilhas Faröe.

Em Tokyo, em Monpracem, no Connecticut,
em Vila Nova de Ourém,
e na Sorbonne, no Minnesota,
Valladolid ou aqui,
ou nas ilhas ou nas ilhas Faröe.

... E tentar a reconstrução
é ter que aturar outra vez o velho Abraão,
os hippies e a fêmea do cro-magnon,
o neo-realismo e o teimoso Tamerlão,
os tratados de balística e o próprio Gengis Cão.

Letra de «Pershingópolis», do álbum «Defeitos Especiais», dos GNR, tema que pode ser ouvido pela ligação no título da entrada. A letra, de 1984, talvez tenha hoje um contexto (político) que lhe possibilita uma leitura diferente...

7 comentários:

Anónimo disse...

E caiu mesmo...
Agora é que vai ser lindo...
Tiago

ψ Psimento ψ disse...

"Ai se ele cai, vai-se partir..."
:s
Um abraço

Luís disse...

Tiago: Vamos todos ter que lidar com a nova realidade e com dificuldades que poderemos não estar ainda preparados para enfrentar... à espera de um futuro bem mais justo para todos! Abraços,

ψ Psimento ψ: Caiu! Abc,

João Roque disse...

Caiu, mas vai levantar-se...
O discurso de Francisco Assis ontem na AR foi a única coisa verdadeiramente positiva.

Luís disse...

pinguim: Nós temos esperança que sim pois, apesar dos defeitos que tantas vezes se lhe apontaram, ele já fez obra suficiente para lhe reconhecermos valor. Depois, que temos de novo, de diferente pelos outros lados? O mesmo de sempre e nada de concreto, no que diz respeito à forma de resolver os nossos problemas - tirando a proposta do PSD para se aumentar o IVA, que é do mais injusto que há (os pobres passam a pagar mais pelo pouco que ainda podem comprar e os ricos não são tão atingidos quanto seriam se a tributação fosse sobre os escalões mais elevados de IRS e IRC, assim se agravando ainda mais o fosso pobres-ricos e esbatendo-se mais também a classe média). A situação actual não agrada a ninguém, mas a crise vai ter de ser paga por todos e, sobretudo, pelos que a podem pagar (com enriquecimentos à custa dos que não conseguem enriquecer). Precisamos de resolver isso e de encontrar soluções para nos governarmos no futuro com aquilo que produzimos. Precisamos de mais consumo interno (produtos portugueses, em vez de importados) e de mais exportação. Precisamos de ser competitivos com boas empresas, bons empresários, bons funcionários. Todos temos de trabalhar para isso, mas com salários e prémios de produção que nos obriguem a trabalhar (se for preciso isso!)... Uma nota temporariamente final: há por aí alguém que consiga aceitar dar o seu voto a um partido que tem por detrás do seu líder (que até pode parecer bem a muitos) figuras quadradérrimas como Manuela Ferreira Leite e Alberto João Jardim? Para eles deveria ser criado um partido novo, ainda mais à direita do CDS-PP, com um presidente que eu cá sei a secretário-geral. Então sim, ficava a cara com a careta!... Abc,

um coelho disse...

Só de meteres o Alberto João Jardim nesse comentário até me dá arrepios. A MFL é de facto muito quadrada, mas reconheço-lhe a capacidade técnica. Se, como se prevê, o PSD ganhar estas eleições, espero vê-la numa pasta.

Luís disse...

um coelho: arrepios bons ou arrepios maus?... - a mim só me dá dos maus, com o Alberto João! Eu também já estive na tua, em relação à capacidade técnica da MFL. Mas ou a capacidade dela serviu de muito pouco, ou não a deixaram trabalhar pois, por muito que ela tenha feito, de momento não me lembro de nenhuma grande obra do tempo do seu ministério. Lembro-me bem - isso sim - da forma "inquisitorial" como combateu o nosso casamento. E isso eu não lhe perdoarei, nunca!!! Espero que não te sintas ofendido (não é essa a minha intenção) mas, francamente, eu acho que está ainda tudo em aberto e - mesmo tendo em conta os defeitos do José Sócrates & cª - tenho a firme esperança de voltar a ter um governo socialista em Portugal, e um governo que saiba dizer-nos aonde quer chegar...